quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ARRANHANDO A EXISTÊNCIA


Pedro Chartes D’Azevedo vem-nos da capital com o seu mundo de cores que chegam à tela por um percurso não muito diferente do de Paul Klee ou Matisse.


A cor é o próprio instrumento da sua arte como o era para Matisse que dizia sentir a vida através da cor e Paul Klee que deixou escrito: “a cor me possui… Eu e a cor somos um”.

Confessadamente, Pedro Charters D’Azevedo deixa ao apreciador de arte a liberdade para interpretar o que pinta. Mas em cada uma das suas telas «os tons, as cores, a sua frequência, a sua cadência, o seu lugar no espaço da tela, a orientação, o estilo e a forma que elas proporcionam integra-se no resultado de um efeito de memória, cadência e ritmo que toda a obra transporta» segundo ele próprio deixa escrito no frontispício do seu site.

Cada tela traz-nos a memória das cores, não tanto do arco-íris que para Klee “é emprego, elaboração e combinação abstracta de cores” mas sim concretas cores da terra, a dar testemunho daquela “dinâmica de movimento e relação entre a energia individual e a energia cósmica” de que falava o pintor helvético.


O que nos deixa na alma a saudade da energia cósmica cujo culto herdamos dos celtas e aprendemos em Prisciliano, o primeiro mártir do fundamentalismo católico, que os seus discípulos sepultaram em Compostela disfarçado de Santiago e teceram pela Europa os caminhos da peregrinação mais percorrida em exaltação da Fé.